5 hábitos que podem evitar uma ida ao pronto-socorro, segundo médicos emergencistas

Especialistas relatam atitudes simples que reduzem acidentes, dentro e fora de casa

Equipe de paramédicos resgatam um jovem paciente
Foto: Freepik

Desde acidentes corriqueiros a emergências com risco de morte, os médicos estão acostumados a ver e tratar de tudo no pronto-socorro. Entre tantos atendimentos diários, uma coisa parece ser consenso entre os profissionais de saúde: grande parte das ocorrências que chegam ao atendimento de emergência poderiam ser evitadas com um pouco mais de atenção ou cuidado dos pacientes.

A IstoÉ conversou com profissionais que trabalham diariamente no atendimento de emergência, a supervisora do Pronto Socorro Clínico do Hospital Santa Marcelina, Célia do Socorro da Silva Matos, e o médico emergencista do Hospital Nove de Julho, Rodrigo Ganem, ambos em São Paulo, e reuniu cinco hábitos que podem evitar situações que costumam acabar com uma viagem ao pronto-socorro.

Adapte a sua casa (ou a dos seus pais)

De acordo com uma pesquisa recente da Faculdade de Medicina de Itajubá, em parceria com o Centro Universitário Ages (BA), aproximadamente 63% dos idosos já sofreram alguma queda. “Além de frequentes, as quedas entre os idosos são uma das principais causas de morte acidental nessa faixa etária”, alerta a supervisora do PS do Santa Marcelina. Mais do que um risco de morte, esses acidentes podem resultar em fraturas, reduzir a mobilidade e deixar o idoso acamado até se recuperar.

As causas das quedas costumam ser multifatoriais, como o envelhecimento natural (que pode provocar alterações na visão, audição, saúde dos ossos e capacidade de equilíbrio) e a presença de doenças agudas e crônicas.

Esses fatores, quando somados a uma casa despreparada, podem torná-la mais suscetível a acidentes. Por isso, a melhor dica aqui é adaptar o ambiente. “Da mesma maneira que adaptamos a casa para a segurança das crianças, também é preciso fazer ajustes para os idosos”, justifica Célia Matos.

Os médicos sugerem as seguintes mudanças:

    • Retirar tapetes ou fixá-los no chão com fitas adesivas na sala e corredores;

    • Tirar objetos do chão como fios, caixas ou móveis que podem ser obstáculos;

    • Usar sapatos antiderrapantes;

    • Colocar barras de proteção e tapetes antiderrapantes no banheiro;

    • Trocar banquetas por poltronas ou cadeiras firmes;

    • Melhorar a iluminação dos cômodos.

Deixe o celular de lado ao fazer outras tarefas

Usar o celular enquanto faz outras tarefas se tornou um hábito comum, mas que pode terminar mal. “Vivemos conectados e tentando fazer várias coisas ao mesmo tempo. Embora isso pareça agilizar a rotina, acaba nos expondo a mais riscos”, alerta o emergencista Rodrigo Ganem.

Andar na rua usando o celular é outro exemplo perigoso, uma vez que limita a capacidade de reparar no entorno, como desviar de carros, motos, buracos ou outros obstáculos. O mesmo vale para quem gosta de usar fones de ouvido com música alta e cancelamento de ruído ao ar livre, pois o uso do aparelho também afeta a percepção.

Já dentro de casa, usar o celular ao se locomover ou subir e descer escadas aumenta as chances de quedas; enquanto assistir vídeos durante a preparação de uma refeição pode tornar o cozinheiro mais suscetível a cortes e queimaduras.

Não ignore sintomas recorrentes

Outro hábito comum é as pessoas evitarem ir ao hospital ou adiarem o atendimento médico para priorizar o trabalho ou a família, segundo os especialistas.

Porém, alguns sintomas súbitos como falta de ar, dor ou pressão no peito, dor de cabeça intensa e fala arrastada costumam indicar emergências cardiovasculares como infarto e AVC.

Nesses casos, o tempo rápido até o atendimento é fundamental para reduzir as sequelas e garantir um melhor desfecho. Por isso, é importante que, ao surgirem sintomas recorrentes, súbitos ou intensos, o paciente procure avaliação médica o quanto antes”, afirma o emergencista do Hospital Nove de Julho, Rodrigo Ganem.

Vai de moto? Redobre o cuidado

Acidentes no trânsito estão cada vez mais comuns nas grandes cidades, especialmente em duas rodas. Só no primeiro semestre de 2025, o estado de São Paulo registrou 1.329 mortes envolvendo motocicletas – um recorde na região desde 2015.

Esse tipo de acidente traz muitos riscos, como escoriações, fraturas (inclusive expostas), traumatismo craniano e hemorragia, além do risco de morte”, alerta Célia Matos, do Hospital Santa Marcelina.

Para fugir das estatísticas, a médica reforça a importância de dirigir dentro do limite de velocidade, não se expor a manobras de risco e usar os equipamentos de segurança, como capacete e cinto de segurança.

O emergencista do Hospital Nove de Julho alerta também para a necessidade de redobrar a atenção em dias chuvosos: “Todo médico que já atendeu trauma em pronto-socorro sabe que, com a chuva, andar de moto apresenta um risco maior. O asfalto fica mais escorregadio, aumentando as ocasiões de quedas”.

Supervisione as crianças, sempre

No Brasil, os acidentes são a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos de idade, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A boa notícia é que 90% desses acidentes são preveníveis, ainda segundo a SBP.

As crianças são curiosas e, acima de tudo, imprevisíveis. Por isso, os especialistas ouvidos por IstoÉ reforçam a necessidade dos pais e responsáveis estarem sempre atentos aos seus movimentos. Entre os principais riscos estão quedas e entorses relacionados a atividades recreativas, como bicicleta, skate e patinete elétrico, entre outras brincadeiras “radicais”.

Mas há também outros riscos dentro de casa, como choques elétricos, queimaduras, contato com materiais tóxicos e objetos que podem causar engasgo.

Para diminuir os riscos, os médicos ouvidos por IstoÉ recomendam:

  • Restringir o acesso das crianças à cozinha e aos produtos de limpeza;

  • Evitar deixá-las sozinhas, mesmo por curtos períodos;

  • Redobrar a atenção dos adultos durante as brincadeiras.

No fim das contas, boa parte das emergências pode ser evitada com atitudes simples, e a prevenção continua sendo o melhor remédio.