Dia das Crianças: saiba como escolher brinquedos seguros

Estudo recente da USP revelou níveis altos de substâncias tóxicas em brinquedos plásticos vendidos no Brasil

Brinquedos infantis - Dia das Crianças
Foto: Freepik

Os brinquedos estão no centro da rotina das crianças: desde os primeiros meses de vida, eles são ferramentas fundamentais para estimular a criatividade, imaginação e habilidades motoras e sensoriais. Neste ano, as vendas para o Dia das Crianças devem aumentar e movimentar mais de R$ 9 bilhões no comércio, segundo uma projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Durante as compras, adquirir brinquedos seguros, adequados para a faixa etária das crianças e que passaram por testes de segurança deve ser uma das principais preocupações dos pais e responsáveis. Não é exagero! Um estudo recente da Universidade de São Paulo (USP) em colaboração com a Universidade Federal de Alfenas (Unifal) identificou altos níveis de substâncias tóxicas em brinquedos plásticos vendidos no Brasil.

Os pesquisadores analisaram 70 brinquedos, nacionais e importados, destinados a crianças de 0 a 12 anos, coletados de shoppings, comércios de rua e lojas especializadas em brinquedos de Ribeirão Preto (SP). Os resultados da pesquisa apoiada pela FAPESP indicaram que grande parte dos brinquedos não segue as normas de segurança do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e da União Europeia.

Foram encontrados níveis elevados (acima do limite permitido) de bário (em 44,3% das amostras), chumbo (32,9%), crômio (20%) e antimônio (24,3%) nos brinquedos. O contato com essas substâncias tóxicas (pela saliva quando uma criança leva o brinquedo na boca), pode aumentar o risco de algumas condições de saúde como problemas cardíacos, danos neurológicos e danos gastrointestinais.

Um achado interessante foi que brinquedos de cor bege apresentaram tendência maior à contaminação, sugerindo que certas combinações de pigmentos podem ser mais problemáticas”, afirma o pesquisador principal do estudo, Bruno Alves Rocha, em entrevista à IstoÉ.

Como comprar brinquedos com segurança

Diante do alerta dos pesquisadores, a IstoÉ conversou com a Organização Aldeias Infantis SOS, que atua no cuidado e proteção de crianças, e com a pediatra Mariana Lombardi Novello, pós-graduada em Neurociência, Educação e Desenvolvimento Infantil e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), para trazer dicas de como comprar brinquedos com segurança. Confira a seguir.

  1. Verifique o selo do Inmetro

O selo do Inmetro é a principal garantia de que um brinquedo passou por testes de qualidade, atende às normas de segurança e é feito com materiais seguros. Brinquedos sem certificação podem trazer riscos para as crianças, como adverte a pediatra Mariana Novello: “Além do risco de intoxicação, como mostrou o estudo da USP, brinquedos sem certificação apresentam risco de engasgo, especialmente com peças pequenas, ferimentos por partes cortantes ou mal acabadas e queimaduras ou choques em brinquedos eletrônicos mal construídos”.

No comércio informal, muitas vezes, não há controle de origem ou certificação, o que aumenta significativamente os riscos de contaminação ou acidentes, vale destacar.

  1. Leia sempre o rótulo e as instruções de uso

Na hora de comprar algum brinquedo, priorize os produtos com embalagens adequadas. Elas devem trazer informações claras sobre a faixa etária, riscos, instruções de uso e cuidados de manutenção, segundo a ONG Aldeias Infantis SOS. Brinquedos sem essas orientações ou sem identificação clara do fabricante devem ser evitados.

Os brinquedos usados, que já não têm mais embalagens, são uma opção sustentável, mas exigem mais atenção no quesito segurança. Nesses casos, vale verificar se estão inteiros, sem partes soltas ou danificadas, assim como higienizá-los adequadamente antes do uso.

Mas se os produtos são muito antigos, atenção. “Antes das normas serem mais rígidas, era muito comum o uso de chumbo em tintas, por exemplo”, afirma a pediatra.

  1. Respeite a faixa etária indicada

A indicação de idade nas embalagens não é apenas uma sugestão, é obrigatória nas embalagens. Ela considera o tamanho das peças, o tipo de material usado e o nível de complexidade.

É importante observar se o produto estimula habilidades adequadas para aquela faixa etária, por exemplo, brinquedos simples e manipuláveis para bebês e jogos mais complexos para crianças maiores”, pontua a pediatra. Pensar também no valor pedagógico e relacional dos brinquedos é fundamental, segundo a especialista, porque eles exercitam a imaginação, a linguagem e a construção de vínculos com quem participa da brincadeira.

  1. Evite materiais e formatos perigosos

É importante também ficar atento a materiais de baixa qualidade ou inadequados para crianças, como peças pequenas (especialmente para crianças menores de 3 anos), pontas ou rebarbas afiadas, cordas longas, partes que soltam ou materiais frágeis que se quebram facilmente. A atenção deve ser redobrada em brinquedos destinados a crianças menores de 3 anos, período em que costuma levar tudo à boca.

  1. Cuide da manutenção

Mesmo brinquedos seguros precisam de supervisão, alerta a ONG Aldeias Infantis SOS. Acompanhe a criança quando ela estiver brincando, além de inspecionar regularmente a existência de peças soltas, rachaduras ou desgaste.

Para evitar quedas e acidentes, ensine as crianças a guardar os brinquedos e, por fim, não esqueça de descartar produtos quebrados ou enferrujados.