Dezembro Laranja: 10 perguntas e respostas sobre o câncer de pele

Cerca de 1/3 dos casos de câncer diagnosticados no Brasil são de pele; a detecção precoce é fundamental para o sucesso do tratamento

Mulher aplica creme hidratante - câncer de pele
Mulher aplica creme hidratante - câncer de pele Foto: Freepik

Por ano, são diagnosticados 220 mil novos casos de câncer de pele no Brasil, de acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Este é o tipo de neoplasia maligna mais comum no país, representando 33% do total de casos. De todos os casos de câncer de pele, 85% são do tipo não melanoma, em geral, menos agressivo, e cerca de 15% do tipo melanoma, mais letal. Os números impressionam, mas nem todo mundo leva a prevenção a sério.

“Vivemos em um país tropical, com alta exposição solar durante todo o ano, mas ainda falta conscientização sobre os riscos do câncer de pele. Medidas preventivas básicas podem salvar vidas, e precisamos reforçar essa mensagem constantemente”, diz o oncologista Rodrigo Perez Pereira, líder nacional da especialidade pele da Oncoclínicas&Co.

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A identificação precoce também é fundamental para boas respostas no tratamento. Com a ajuda do especialista, respondemos dez das principais dúvidas sobre o assunto.

Confira:

1. O que é o câncer de pele e por que ele é tão frequente?

O câncer de pele ocorre quando células da pele se multiplicam de uma maneira anormal. Pode acontecer em diversas localidades do corpo e é o tipo de câncer mais diagnosticado no Brasil. Isso pode estar relacionado a sermos um país com alta incidência solar, durante o ano inteiro. Além disso, a grande maioria da população não usa medidas de prevenção, como o filtro solar.

2. Câncer de pele tem cura?

O câncer de pele tem boas chances de cura, sobretudo, quando diagnosticado precocemente. Quando identificado em estágios iniciais, o tratamento é mais simples e eficaz, com chances de cura que podem ultrapassar 90%, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Infelizmente, no entanto, muitos casos são descobertos tardiamente, porque os sinais podem ser confundidos com lesões benignas. O tempo é um fator decisivo na luta contra o câncer de pele.

3. Como identificar o câncer de pele?

Perceber mudanças na pele é o primeiro passo. Ao identificar qualquer característica fora do comum, é essencial buscar orientação de um dermatologista para um diagnóstico. Uma pinta que muda de cor, um machucado que não cicatriza ou uma mancha com bordas irregulares podem ser sinais de alerta. O especialista ensina a regra do “ABCDE”, que é simples e útil para reconhecer sinais suspeitos, que merecem atenção:

  1. Assimetria: quando uma metade da lesão é visivelmente diferente da outra.

  2. Bordas: lesões com contornos irregulares ou mal definidos.

  3. Cor: manchas ou pintas que apresentam mais de uma tonalidade, como variações entre preto, marrom, vermelho, azul, cinza ou outras cores.

  4. Diâmetro: lesões maiores que 6 mm devem ser analisadas com atenção.

  5. Evolução: qualquer alteração no tamanho, forma ou cor ao longo do tempo pode ser um sinal de alerta.

4. Existem fatores de risco para o câncer de pele?

Populações específicas, como trabalhadores rurais, pescadores e pessoas de pele clara, estão mais vulneráveis devido à exposição solar acumulada ao longo dos anos. No entanto, é importante lembrar que o câncer de pele não discrimina e pode atingir qualquer pessoa, independentemente da cor da pele ou do estilo de vida. Pessoas com histórico familiar de câncer também têm mais chance de desenvolver a doença. 

5. Protetor solar pode causar câncer?

O aumento do uso das redes sociais trouxe benefícios inegáveis, como o acesso mais rápido à informação. No entanto, também ampliou a disseminação de informações falsas e práticas perigosas, especialmente no campo da saúde. Uma delas é a ideia de que o protetor solar poderia causar câncer, devido a substâncias químicas presentes na sua composição.

A alegação, no entanto, não tem qualquer respaldo científico. Estudos revisados por especialistas demonstram que os benefícios do uso diário do protetor superam qualquer risco teórico associado aos seus componentes. Os danos agudos e crônicos causados pela radiação ultravioleta da luz solar são cientificamente comprovados e configuram uma das principais causas de câncer de pele. Já as acusações contra o protetor solar são infundadas e disseminadas sem critério. A desinformação não só desmotiva o uso do protetor, mas coloca vidas em perigo. Combater essas narrativas com dados confiáveis é essencial para proteger a população.

6. Pessoas negras também podem ter câncer de pele?

Sim! É equivocada a ideia de que pessoas de pele escura estão imunes ao câncer de pele. Embora a maior quantidade de melanina ofereça uma proteção natural, o risco não é pequeno. Nessas populações, o câncer de pele pode surgir em áreas menos pigmentadas, como palmas das mãos, solas dos pés, unhas e mucosas, e muitas vezes é diagnosticado tardiamente. 

7. Como prevenir o câncer de pele?

A principal causa, a exposição excessiva aguda ou crônica, aos raios ultravioletas (UV), pode ser prevenida com medidas simples, como o uso diário de protetor solar e a adoção de hábitos de proteção, como evitar o sol nos horários de pico, entre as 10h e as 16h, quando a radiação UV é mais intensa. Usar acessórios de proteção como chapéus, óculos de sol com proteção UV e roupas de manga longa, idealmente também com proteção UV, também ajuda. Além disso, é importante ficar atento a sinais na pele e consultar um dermatologista regularmente, especialmente se houver histórico familiar de câncer de pele.

8. Como é o tratamento para o câncer de pele?

O tratamento para o câncer de pele pode envolver diversos tipos de estratégias, como cirurgia, radioterapia, imunoterapia, drogas-alvo e, em alguns casos, quimioterapia. Essas estratégias também podem ser combinadas, dependendo do diagnóstico. O principal tratamento, no entanto, costuma ser a remoção cirúrgica das lesões.

9. O câncer de pele é sempre grave?

O câncer de pele sempre merece atenção. Na maioria das vezes, sobretudo no caso dos não melanomas, a questão pode ser resolvida com um procedimento cirúrgico, no mais das vezes, simples. Ainda assim, o potencial de dano não deve ser menosprezado. Nem sempre o câncer de pele será grave e exigirá outros tratamentos além da cirurgia, mas o acompanhamento de qualidade, com uma equipe multidisciplinar faz a diferença para aumentar as chances de cura.

10. O câncer de pele pode voltar depois do tratamento?

Sim, ele pode voltar e há critérios para avaliar esse risco. Alguns fatores podem interferir no retorno da doença, como a profundidade e localização da lesão, ou fatores como a existência de alguma doença que diminua a atuação do sistema imunológico, entre outros. Para identificar a recorrência da doença precocemente, é muito importante manter consultas médicas regulares com o dermatologista e com o oncologista que acompanha o caso.