Caso do filho de Patrícia Poeta alerta para os perigos de infecção em cirurgias

Felipe Poeta, 23, está internado por complicações de uma infecção no joelho. Ele precisou ser submetido a uma cirurgia com urgência. Especialista alerta sobre possíveis riscos após procedimentos similares

Patrícia Poeta e o filho, Felipe, que é DJ
Patrícia Poeta e o filho, Felipe, que é DJ Foto: Reprodução/Instagram

Em uma declaração dada no programa Encontro, da TV Globo, a apresentadora Patrícia Poeta, 48, se emocionou ao contar que vive um dos momentos mais difíceis da sua vida pessoal: seu filho, Felipe Poeta, 23, está em tratamento há dois meses. O jovem está hospitalizado depois de passar por uma cirurgia para tratar complicações de uma infecção bacteriana no joelho.

IstoÉ entrou em contato com a assessoria de imprensa de Patrícia, que não deu detalhes e explicou: “Nesse momento, a família optou por tratar do assunto de forma privada”.

Não está claro se a infecção no joelho é uma complicação de uma cirurgia feita depois de um acidente que o rapaz sofreu enquanto praticava surf, há alguns meses. Na época, ele rompeu um tendão e foi submetido a um procedimento no joelho para reparação. Algumas fontes também mencionam que a infecção que levou à internação recente teria surgido após um quadro de alergia severa, concentrando-se no joelho.

Embora não haja confirmação de que o quadro de Felipe seja uma infecção relacionada ao procedimento anterior, é importante destacar que qualquer cirurgia, mesmo as mais simples, envolvem riscos de infecção. Quem explica é o cirurgião Rodrigo Barbosa, coordenador de equipe cirúrgica do Hospital 9 de Julho (SP). De acordo com o especialista, os procedimentos envolvem uma ruptura da pele e das mucosas, que são barreiras naturais do corpo contra agentes patógenos. “No entanto, com técnicas modernas e protocolos rigorosos de esterilização, esses riscos são hoje bastante controlados”, pontua o médico, que também faz parte do corpo clínico do Hospital Sírio Libanês (SP).

Em casos mais simples, como laparoscopias e cirurgias robóticas, as incisões são pequenas e o tempo de exposição do tecido é reduzido, o que diminui consideravelmente a chance de contaminação. Ainda assim, ressalta o cirurgião, nenhum procedimento é totalmente isento de risco. Por isso, é fundamental seguir corretamente as orientações de cuidados no período pós-cirúrgico.

Infecção: quais são os sinais de alerta mais comuns?

Na maioria dos casos, as infecções aparecem nos primeiros dez dias após a operação. Mas elas também podem surgir a um prazo mais longo. “Em casos de próteses, telas ou material cirúrgico implantado, uma infecção pode se manifestar tardiamente, semanas depois”, explica Barbosa.

  • Os sintomas mais comuns são:

  • Vermelhidão ao redor da incisão

  • Calor local

  • Dor que piora com o tempo

  • Secreção purulenta

  • Febre (um dos sinais mais típicos)

  • Alterações no padrão intestinal, dor abdominal progressiva ou drenagem de secreção amarelada podem indicar complicações infecciosas internas, no caso de cirurgias digestivas.

Em qualquer um dos casos, é importante buscar avaliação médica o quanto antes.

É culpa das bactérias?

Algumas bactérias comuns, de fato, podem se tornar mais perigosas, em um contexto de pós-operatório, quando há queda da imunidade, acúmulo de secreção, presença de material estranho, como telas ou pontos internos, ou um fechamento incompleto da ferida. “Nessas situações, uma bactéria inofensiva pode se multiplicar e causar infecção grave”, alerta o especialista.

Em cirurgias, de forma geral, as bactérias mais comuns são o Staphylococcus aureus, incluindo a forma resistente a antibióticos, conhecida como MRSA, além da Escherichia coli, Enterococcus e outras bactérias intestinais. “Em cirurgias do trato digestivo, é comum a presença de flora mista — ou seja, mais de um tipo de micro-organismo atuando ao mesmo tempo”, afirma o médico. Já cirurgias ortopédicas, especialmente quando há colocação de próteses ou parafusos, as infecções costumam ser desencadeadas por bactérias do tipo Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis. “Elas são mais temidas porque podem comprometer o implante e exigir um novo procedimento”, aponta o cirurgião.

Algumas doenças, como diabetes, obesidade e desnutrição, facilitam a proliferação de infecções. Assim como tabagismo e uso prolongado de medicamentos, como corticoides. Cirurgias longas, sangramentos extensos e necessidade de drenagem também são fatores que acentuam a probabilidade de infecções.

Como prevenir?

Os cuidados para evitar a contaminação precisam acontecer não só da parte da equipe médica, como também do paciente. As medidas hospitalares são a garantia de um ambiente cirúrgico controlado, uso correto de antibióticos profiláticos, assepsia rigorosa das mãos e instrumentos e esterilização adequada de materiais. “Além disso, o preparo do paciente — como banho antisséptico antes da cirurgia e controle de doenças de base — é essencial”, destaca Barbosa.

O paciente também precisa seguir recomendações no período de recuperação, mesmo depois da alta, em casa. As principais são:

  • Manter o curativo limpo e seco

  • Evitar manipular a ferida

  • Tomar medicações prescritas, quando necessário

  • Avisar o cirurgião ao primeiro sinal de febre, dor ou secreção

  • Respeitar o repouso e evitar esforços precoces.

Tratamento de infecções após cirurgia: como funciona?

Quando a infecção é identificada, é importante iniciar o tratamento o quanto antes. Os cuidados podem envolver a administração de antibióticos. Em casos mais graves ou quando o medicamento falha, pode haver necessidade de uma nova intervenção cirúrgica, como já dito. “Isso pode acontecer quando há acúmulo de pus ou necrose (morte de tecido), por exemplo”, indica o cirurgião. “Nesses casos, é necessário abrir novamente a ferida, remover o tecido comprometido e drenar a infecção”, aponta.

Buscar uma avaliação médica rapidamente, portanto, é fundamental para evitar complicações mais sérias, como a sepse, que ocorre quando as bactérias ou suas toxinas atingem a corrente sanguínea. “Esse quadro é grave e pode evoluir rapidamente, exigindo internação em UTI. Nesse caso, febre alta, queda de pressão e confusão mental são sinais de alerta que indicam urgência médica”, reforça o cirurgião Rodrigo Barbosa.