Caso Oscar acende alerta sobre a saúde do coração dos jogadores de futebol

Após o susto com o jogador do São Paulo, especialista reforça que alterações cardíacas em atletas são incomuns e que exercício físico é um dos maiores aliados do coração

Rubens Chiri/São Paulo FC/Divulgação
Foto: Rubens Chiri/São Paulo FC/Divulgação

O jogador de futebol do São Paulo Oscar Emboaba foi internado no Einstein Hospital Israelita na última terça-feira (11), depois de desmaiar durante um exame de rotina no centro de treinamento do time. Em nota publicada ontem, o clube afirmou que o atleta, de 34 anos, apresentou “uma intercorrência com alterações cardiológicas” e está estável.

A assessoria do clube confirmou à IstoÉ Saúde, nesta quarta-feira (12), que Oscar não teve uma arritmia cardíaca, como era a principal suspeita, e segue realizando exames. O jogador fez uma publicação nas redes sociais agradecendo as manifestações de apoio. “Muito obrigado pelas mensagens e orações. Vai ficar tudo bem”, postou.

Alterações cardíacas em futebolistas não são tão comuns quanto parecem

À primeira vista, casos como o do Oscar parecem ser relativamente comuns no futebol. Em janeiro deste ano, torcedores do Fluminense viram o jogador Paulo Henrique Ganso se afastar dos campos após receber o diagnóstico de miocardite (inflamação no músculo do coração). Em junho, o jogador Andrés Román, do clube colombiano de futebol Atlético Nacional, desmaiou em campo durante uma partida. Em 2021, ele já tinha sido diagnosticado com miocardiopatia hipertrófica, uma condição em que os músculos do coração se tornam espessos e dificultam o bombeamento de sangue.

Apesar de chamarem bastante atenção da mídia, é incomum que atletas tenham problemas cardiovasculares, como explica o médico cardiologista Antônio Amorim, especialista pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e membro do Comitê de Comunicação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). “Os atletas são constantemente avaliados pelos clubes e isso já minimiza muito a chance de eles terem problemas cardíacos graves”, afirma. “A prática de esportes de intensidade, como o futebol, não é um fator de risco para problemas cardíacos. Pelo contrário, a atividade física é capaz de reduzir doenças”, acrescenta o especialista.

Um estudo recente feito por pesquisadores no Hospital das Clínicas de Porto Alegre mapeou a saúde do coração de mais de 6 mil jogadores de futebol de 82 clubes de todas as regiões do Brasil entre 2002 e 2023. Os resultados, publicados no Britsh Journal of Sports Medicine, mostraram que dos 6 mil atletas, apenas 180 (3%) apresentaram alterações nos exames.

Coração de atleta

Em geral, a prática de atividade física, inclusive a de alta intensidade, é um fator protetor, que aumenta a sobrevida da população”, resume o cardiologista Antônio Amorim, da SBC. Ou seja, atletas de alta performance são mais propensos a ter uma saúde cardiovascular melhor. Essa condição tem até nome: “coração de atleta”. Nesse caso, o coração se adapta para ser mais eficiente, aumentando a musculatura e melhorando o bombeamento de sangue.

Apesar de ser uma condição saudável, é necessário ter acompanhamento médico, como alerta o cardiologista: “o coração de atleta é saudável e comum em esportistas, mas pode ser confundido com outras doenças genéticas que causam o aumento do coração, como a miocardiopatia hipertrófica, que é a principal causa de morte súbita em atletas”.

O cardiologista explica que conhecer seu perfil genético pode ser essencial para evitar problemas cardíacos, seja você esportista ou não. “É possível que a pessoa tenha alguma doença genética cardíaca e não saiba. Aí sim, nessas situações, a atividade física pode causar um problema, principalmente no caso dos atletas, por levarem o corpo ao limite”, afirma Amorim.

Outros fatores também colocam o coração em risco, como o estresse, a falta de sono, o tabagismo, o consumo de álcool e o uso de drogas estimulantes, além de doenças comuns como obesidade, hipertensão e diabetes. A boa notícia é que manter uma rotina regular de exercícios físicos ajuda a controlar o colesterol, a glicose e a pressão arterial, reduzindo significativamente as chances de infarto, AVC e outras doenças cardiovasculares.