Uma alimentação rica em vegetais, grãos integrais e nozes, com consumo reduzido de carne e açúcar, poderia salvar até 15 milhões de vidas por ano e, ao mesmo tempo, ajudar a combater a crise climática. Essa é a conclusão da “dieta da saúde planetária”, um plano alimentar proposto pela comissão EAT-Lancet, que acaba de ser atualizado. No entanto, a popularização desse modelo enfrenta um obstáculo crescente: uma campanha coordenada de desinformação.
- O que é: a “dieta da saúde planetária” é um cardápio flexível, baseado principalmente em vegetais, frutas, grãos e nozes, com baixo consumo de carne vermelha, laticínios e açúcar.
- Benefícios: segundo a comissão EAT-Lancet, a dieta pode prevenir 15 milhões de mortes prematuras anualmente e reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa, já que o sistema alimentar responde por 30% do total global.
- A polêmica: uma investigação da Fundação Mudando Mercados revelou uma campanha para desacreditar o estudo, com figuras ligadas à indústria da carne classificando a dieta como “perigosa, elitista e anticientífica”.
- O fato: os autores do estudo reforçam que o plano alimentar é semelhante a muitas dietas tradicionais, como a mediterrânea, e foca em variedade e equilíbrio, não em proibição.
A proposta da EAT-Lancet, uma colaboração entre dezenas de cientistas de renome mundial, oferece um caminho para alimentar de forma sustentável a população global, que deve chegar a 10 bilhões de pessoas em 2050. O foco está em dobrar o consumo de alimentos saudáveis, como frutas e legumes, e reduzir em mais de 50% o de alimentos menos saudáveis, como carne vermelha e açúcares adicionados.
Contudo, desde sua divulgação inicial em 2019, o estudo tem sido alvo de ataques sistemáticos. A investigação da Fundação Mudando Mercados apontou para uma campanha orquestrada, que utiliza as redes sociais e figuras de influência para espalhar a ideia de que a dieta seria uma imposição de elites globais. Especialistas alertam que a atual instabilidade geopolítica e a alta no preço dos alimentos podem intensificar essa onda de fake news.
Em resposta, os autores da comissão reforçam que a “dieta da saúde planetária” não é um cardápio único e restritivo, mas sim um guia flexível, adaptável a diferentes culturas e realidades locais. O objetivo, segundo eles, não é proibir o consumo de certos alimentos, mas promover um sistema alimentar que seja benéfico tanto para a saúde humana quanto para a do planeta.