O mapeamento genético é uma ferramenta importante no combate ao câncer de mama. Entre 5% e 10% dos casos da doença estão relacionados a fatores hereditários.
- Indicações: o teste é recomendado para mulheres diagnosticadas antes dos 65 anos, com câncer bilateral ou do tipo triplo negativo.
- Histórico familiar: pacientes com parentes que tiveram câncer de ovário ou próstata também devem fazer o exame.
- Prevenção: a identificação de mutações, como a BRCA2, pode levar à indicação de cirurgias preventivas, como a mastectomia.
- Acesso: o exame tem custo elevado na rede privada (R$ 1.600 a R$ 4.000) e cobertura restrita no SUS.
A identificação de quem deve realizar o exame, no entanto, segue critérios específicos.
“A primeira recomendação é se a mulher teve câncer de mama com menos de 65 anos. A segunda, se ela teve câncer de mama bilateral, em ambas as mamas, seja no mesmo momento ou em momentos diferentes, ou se ela teve câncer de mama de um subtítulo específico, que é o câncer de mama triplo negativo com ausência de receptores hormonais. E por último, se aquela mulher não preencheu nenhum desses critérios, mas tem histórico familiar, além do diagnóstico dela. Ou seja, ela tem uma mãe que teve câncer de ovário, um irmão com câncer de próstata”, explica Allyne Queiroz Cagnacci, oncogeneticista no Hospital Oswaldo Cruz.
Foi o caso de Jéssica, de 33 anos. Após a mãe dela ser diagnosticada com câncer de ovário, Jéssica realizou o mapeamento genético por indicação oncológica.
O exame identificou a mutação do gene BRCA2, e Jéssica foi aconselhada a realizar a retirada preventiva de ambas as mamas. O procedimento ocorreu em agosto de 2024.
O acesso ao mapeamento genético no Brasil, contudo, é desigual. Na rede privada, os valores variam de R$ 1.600 a R$ 4.000, a depender do tipo de painel genético solicitado. No SUS (Sistema Único de Saúde), o teste está disponível apenas em poucos centros de referência.
O mapeamento genético é realizado a partir de uma amostra de sangue ou saliva. Desse material, o DNA é analisado para verificar a presença de mutações.
As mutações genéticas mais conhecidas associadas ao câncer de mama ocorrem nos genes BRCA1 (Breast Cancer gene 1) e BRCA2 (Breast Cancer gene 2).
O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres. Em 2024, mais de 20 mil mulheres morreram em decorrência da doença.
O teste genético, no entanto, também é relevante para a prevenção masculina.
“Tanto os homens quanto as mulheres dessas famílias portadoras de alterações que aumentam o risco para câncer de mama precisam realizar o teste genético. É muito comum na minha prática clínica, quando a gente desenha o heredograma, as pacientes estão muito preocupadas com as filhas, mas os filhos também possuem risco de desenvolver tanto câncer de mama, quanto câncer de próstata. Os homens também precisam realizar o teste genético quando existem casos, tanto de câncer de mama em homens, quanto existem vários casos de câncer de próstata do mesmo lado da família, principalmente em idade mais jovem”, afirma Queiroz Cagnacci.