Um dos medicamentos mais modernos para o tratamento de uma forma agressiva do câncer de mama, o Trastuzumabe Entansina, agora estará disponível de forma gratuita, no Sistema Único de Saúde, o SUS. O anúncio foi feito na última segunda-feira (13), pelo Ministério da Saúde, quando o primeiro lote das unidades compradas foi entregue, em Guarulhos (SP). Há ainda mais três lotes previstos: um deve chegar em dezembro deste ano e os outros dois, em março e junho de 2026. A quantidade, segundo a pasta, será suficiente para atender 100% da demanda atual da rede pública.
O Trastuzumabe Entansina é um anticorpo-fármaco indicado para mulheres diagnosticadas com câncer de mama HER2-positivo, que ainda apresentam sinais da doença após a quimioterapia inicial. Também conhecido como T-DM1, é um tipo de terapia-alvo conjugada, porque combina um anticorpo monoclonal, que identifica e se liga à proteína HER2, E um agente quimioterápico, que impede a divisão celular. Cada frasco do medicamento, de acordo com a pasta, custa R$ 11 mil.
O medicamento, portanto, consegue encontrar as células tumorais que têm o receptor HER2 e se conecta a elas para bloquear o sinal de crescimento. Ele ainda leva para dentro destas células o DM1, que é um quimioterápico potente, capaz de interromper a multiplicação celular, causando a morte da célula tumoral. Como a ação é direcionada, o medicamento afeta mais as células doentes e preserva as saudáveis, sendo mais eficiente e menos tóxico do que uma quimioterapia convencional.
Para o diretor do Departamento de Atenção ao Câncer do Ministério da Saúde, José Barreto, a chegada do medicamento representa um enorme avanço para a Oncologia Nacional. “É uma medicação muito esperada pela nossa população, pois vai reduzir em 50% a mortalidade das pacientes que têm HER2-positivo, um tipo de câncer de mama”, afirmou Barreto, em comunicado à imprensa. A previsão do Ministério é de que 1.144 pacientes sejam beneficiadas pelo medicamento ainda em 2025.
A psico-oncologista Luciana Holtz, fundadora e presidente do Instituto Oncoguia, que, entre outras atividades, atua na defesa dos direitos dos pacientes com câncer, considera a chegada do medicamento de última geração um símbolo poderoso. “É a ciência e a política pública finalmente se encontrando a favor das pessoas”, afirma, em declaração a IstoÉ. A especialista avalia que a disponibilização do T-DM1 na rede pública é um passo real rumo à equidade. “Isso significa mais chances de cura, menos sofrimento e mais vida para milhares de brasileiras”, diz.
Luciana ressalta que se trata de uma vitória coletiva, “das pacientes que não desistiram, dos especialistas que defenderam a evidência científica, das organizações que mantiveram o tema vivo e dos gestores públicos que tomaram a decisão certa”. Ela destaca, contudo, que o papel da sociedade civil continua, já que é fundamental acompanhar, informar e garantir que o acesso ao tratamento aconteça na prática. “Ver o remédio chegar é emocionante. Mas ver a paciente receber, no tempo certo, é o que realmente muda histórias”, conclui.