O que é intoxicação medicamentosa: entenda o quadro que causou a morte de Lô Borges

Médica detalha sintomas, riscos e cuidados para evitar problemas graves com medicamentos

Lô Borges
Foto: Wikimedia Commons

A morte do cantor e compositor Lô Borges, aos 73 anos, chamou atenção para os riscos da intoxicação medicamentosa. O músico estava internado desde 17 de outubro em Belo Horizonte, após ingestão excessiva de medicamentos, e não resistiu às complicações do quadro. Ele faleceu neste domingo, 2 de novembro.

Milena Moreira, médica generalista do Hospital Mater Dei Goiânia, explicou à reportagem da IstoÉ Gente que a intoxicação medicamentosa ocorre “pelo uso excessivo, inadequado ou impróprio de medicamentos”. Segundo ela, a condição pode acontecer por doses acima do recomendado, erro na administração, intolerância ao medicamento ou interação entre diferentes substâncias.

“Os sintomas variam dependendo do remédio e da quantidade ingerida, podendo incluir alterações no estado mental, problemas cardiovasculares, respiratórios, hepáticos ou renais”, detalha.

Riscos mesmo com remédios comuns

Mesmo medicamentos vendidos sem receita podem representar perigo se usados de forma incorreta. Milena destaca que anti-inflamatórios em excesso podem causar lesões nos rins, analgésicos podem prejudicar o fígado e antidepressivos podem levar ao rebaixamento do nível de consciência, dificultando a respiração. “Toda medicação tem uma dose máxima e um intervalo entre uma dose e outra para evitar que isso aconteça”, alerta.

Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox/Fiocruz), medicamentos estão entre as principais causas de intoxicação no Brasil. Em 2023, o país registrou mais de 60 mil casos de intoxicação por medicamentos, sendo que cerca de 30% envolviam automedicação ou uso incorreto de remédios de prescrição ou venda livre. O levantamento aponta que analgésicos, anti-inflamatórios e antidepressivos estão entre os grupos mais envolvidos.

Sinais de alerta e prevenção

Entre os principais sinais de intoxicação estão: náusea, vômitos, dor abdominal, confusão mental, sonolência ou coma, alterações no ritmo cardíaco, dificuldade para respirar, tremores, convulsões, sudorese intensa e alterações nas pupilas. Segundo a médica, qualquer pessoa que apresente esses sintomas deve procurar atendimento médico imediatamente.

Para reduzir os riscos, a especialista do Hospital Mater Dei Goiânia recomenda: seguir corretamente a prescrição, evitar automedicação, manter acompanhamento médico e farmacêutico, e descartar remédios vencidos ou sem identificação. “Mesmo as medicações que não exigem receita oferecem riscos à saúde”, reforça.

O caso de Lô Borges evidencia como o uso inadequado de medicamentos pode ter consequências graves, mesmo em pessoas sem histórico de doenças crônicas.