Ortorexia: estudo mapeia perfil de pessoas com obsessão por alimentação saudável

Pesquisadores avaliaram quase 1.500 voluntários para entender a relação entre traços de personalidade e o distúrbio

Mulher alimentação saudável
Foto: Freepik

Um novo estudo divulgado pela Agência Fapesp alerta para a linha tênue entre o cuidado com a saúde e o desenvolvimento de transtornos alimentares. A pesquisa, que analisou quase 1.500 brasileiros, identificou características pessoais que tornam certos indivíduos mais propensos à ortorexia nervosa — uma obsessão patológica por comer apenas alimentos considerados “puros” ou “corretos”.

  • O transtorno: a ortorexia é a fixação por uma alimentação rígida, que pode levar ao isolamento social e à desnutrição;

  • O estudo: pesquisadores avaliaram quase 1.500 voluntários para entender a relação entre traços de personalidade e o distúrbio;

  • Sinais: ansiedade severa ao “sair da dieta” e exclusão de grupos alimentares inteiros são sintomas comuns;

  • Diferença: ao contrário da anorexia (foco na quantidade/calorias), a ortorexia foca na “qualidade” e “pureza” do alimento.

O levantamento aponta que o “comer saudável” pode se transformar em um processo rígido e punitivo. Segundo os pesquisadores, essa busca incessante pela dieta perfeita acaba gerando o efeito oposto ao desejado: ansiedade, estresse e até desequilíbrios nutricionais graves, já que o paciente começa a restringir grupos alimentares essenciais sem orientação médica.

Perfil de risco

A investigação científica buscou separar o que é chamado de “ortorexia saudável” (o interesse genuíno por nutrição) da “ortorexia nervosa” (o quadro patológico). Os dados indicam que pessoas com traços de perfeccionismo, insatisfação corporal prévia e histórico de dietas restritivas estão mais vulneráveis a cruzar essa fronteira.

“O problema deixa de ser o alimento em si e passa a ser o controle. A pessoa deixa de sair com amigos, deixa de ir a eventos sociais porque não terá controle sobre o que será servido”, explicam os especialistas envolvidos na temática.

O estudo foi conduzido por pesquisadores brasileiros, com apoio da Fapesp, e reforça a necessidade de profissionais de saúde — como nutricionistas e psicólogos — estarem atentos não apenas ao peso do paciente, mas à sua relação comportamental com a comida.

Quando buscar ajuda?

Especialistas alertam que o sinal de alerta acende quando a dieta começa a ditar a vida social e emocional do indivíduo. Sentimentos de culpa intensa ao ingerir algo fora do planejado, medo excessivo de conservantes ou agrotóxicos e julgamento moral sobre o que os outros comem são indicativos de que é hora de procurar ajuda especializada.